
"Sigo tendo fé de que o milagre é diário, só de estar aqui sorrindo para o incontestável."
O ano era 2016. Em fevereiro, Germaine foi fazer alguns exames e um nódulo na mama chamou a atenção dos médicos. A ausência de casos de câncer na família era uma esperança para ela, mas, o resultado apontou a descoberta de um câncer de mama primário, um nódulo de 8,5cm. Na época, ela tinha 32 anos e estava desmamando a filha caçula. Germaine era casada, mãe de duas meninas e, como a grande maioria das pessoas, cheia de planos. O câncer não estava entre eles...
O primeiro diagnóstico foi, para ela, um indicativo de que iria fazer o tratamento e tudo voltaria a ser como antes, mas, com o tempo, novas informações foram surgindo. O diagnóstico de metástase alguns meses depois, no entanto, trouxe outra realidade: a de um tratamento contínuo para uma doença sem cura. Hoje, ela vive sob cuidados paliativos, buscando desmistificar que uma doença incurável significa o fim da vida. Como costuma dizer, ela tem uma doença incurável, mas a doença não a tem.
E não tem mesmo... Germaine vive a vida e não somente porque descobriu o câncer, mas também, porque tem o entendimento de que precisa fazer o que está a seu alcance hoje, independente da doença. Já aposentada, dedica-se ao marido e às filhas, com quem constrói memórias. Divide amor por onde passa, especialmente, através da culinária, e é voluntária no Instituto Ana Michelle Soares para pacientes paliativos e familiares.
Germaine é uma ativista no movimento pela valorização dos cuidados paliativos no Brasil e na conscientização de pacientes sobre a importância de ter uma atenção global da saúde. Ela explica que vivemos em um País de dimensões continentais e isto dificulta uma distribuição igualitária no que diz respeito ao tratamento de pacientes que são elegíveis para estar em cuidados paliativos. Cuidados estes que envolvem a saúde como um todo, incluindo paciente e família e uma tentativa de entender o que dói, além da dor física. Pacientes paliativos vivem mais e melhor e ela sabe o quanto ter uma equipe humana faz a diferença no tratamento.
Em meio a surpresas trazidas pela doença, ela segue sorrindo, dividindo os seus aprendizados e compartilhando vivências. "Nesses anos tanta coisa aconteceu, vivi tantos momentos maravilhosos, vi minhas filhas realizarem coisas pela primeira vez, viajei, estudei, estive mais e mais grudada no meu marido. Vivi o amor da minha família."
"Na ladeira abaixo, tô precisando frear o carrinho desgovernado. E... Que o riso seja de alegria, sempre! Chega de desespero!"
Assista o episódio do MoranaPod no quão a Germaine foi participante:
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